O novo estilo gótico faz exatamente isso - tem muitas referências dos anos 90, tem minimalismo, a tendência esportiva, o grunge, tem um pouco de cyber e um quê de estilo asiático… Além do mais, o novo gótico pode ser muito, muito chique. Todas essas referências não fazem sentido utilizadas entre si quando consideramos seu contexto histórico, mas esse elementos juntos criam uma imagem totalmente atual!
Porém, o mais importante do novo gótico é a diversão. É tipo esse negócio de pós-modernismo, mais ou menos. Você precisa se auto sacanear em sua góticidade trevosa. É como se o novo gótico ironizasse a si mesmo – não é sobre revelar o lado mais oculto e misterioso de sua personalidade, é sobre se sentir bem com esse lado e querer trazê-lo para a luz. É sobre se expressar de forma divertida e atual usando esse seu gosto por preto (independente da temperatura), cruzes, calças rasgadas, cabelo pastel, chokers (as gargantilhas), chinelos esportivos, chapéus e camisetas com estampa podrinha…
O grande catalisador desse novo estilo foi (claro) a Internet e as redes sociais. A Internet viraliza qualquer coisa que pode vir a ser tendência, mas foi particularmente importante nesse caso pois é um movimento jovem. Ele incorpora principalmente aqueles jovens viciados em tecnologia, aqueles que são capazes de falar com três pessoas diferentes ao mesmo tempo em três tecnologias diferentes. Um exemplo: a tendência nasce e cresce tão rapidamente que já até tem um subgrupo: os ‘Health Goths’ que misturam elementos mais sombrios como chokers e a cor preta com indumentária esportiva. No Brasil, podemos ver o desenvolvimento da ‘Gótika Suave’ que incorpora óculos redondos e roupas pretas usadas de forma casual, super apropriadas para nosso clima tropical.
A tendência começou no tumblr e tomou o instagram por influência das celebridades que aderiram e também são super influentes na rede como Rihanna e Kylie Jenner que tem mais de 10 milhões de seguidores cada uma no Instagram.
Algo muito importante a se notar sobre essa nova tendência é que ela se apropria de referências estilísticas de muitas subculturas (não só do gótico mais ‘tradicional’) e as torna mainstream. Ela mistura e subverte sua linguagem original. Não sei se isso é exatamente uma crítica, apenas mais um exemplo da aplicação do pós-modernismo na moda. É triste ver elementos de subculturas perdendo seu valor original, porém não existe avanço sem perdas. O mais legal da moda é: nada fica parado, preso a um pedestal.
Por matices